China acusa advogado dos direitos humanos Yu Wensheng de subversão

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Originally published by Diário de Notícias on January 29, 2018

As autoridades chinesas acusaram Yu Wensheng, um proeminente defensor dos direitos humanos detido por publicar uma carta dirigida ao Presidente chinês, Xi Jinping, de “incitação à subversão contra o poder do Estado”.

A família de Yu foi notificada no sábado, por escrito, pela polícia de Xuzhou, leste da China. Aquele crime, uma acusação muito grave no país asiático e cuja pena máxima é prisão perpétua, é frequentemente usado pelo regime comunista de Pequim contra dissidentes.

Em dezembro passado, o ativista Wu Gan foi condenado a oito anos de prisão pelo mesmo crime.

Antes de ser detido, a polícia acusou Yu de “obstrução nos assuntos públicos”, um crime menos grave.

As autoridades escrevem na notificação enviada à família que o advogado está sob “vigilância residencial num local designado”, sem avançar com mais detalhes.

A organização de defesa dos direitos humanos Chinese Human Rights Defenders (CHRD) afirma hoje na sua conta oficial no Twitter que o advogado “corre grande risco de ser torturado”, e denuncia que Yu não teve acesso a um advogado.

A organização informa que este fim-de-semana a polícia esteve na casa de Yu em Pequim e interrogou a sua esposa durante 16 horas.

Yu, que foi advogado de vários dissidentes e ativistas chineses, foi detido em 19 de janeiro, junto à escola onde estudam os filhos, que contaram à mãe como o pai foi levado por uma dezena de agentes.

A detenção ocorreu quatro dias depois de lhe terem retirado a licença de advogado, após publicar uma carta em que criticava diretamente Xi Jinping e pedia uma reforma do Partido Comunista, visando uma China “livre, democrática, com respeito pelos Direitos Humanos e um Estado de direito”.

Dias após a detenção de Yu, a China retirou a licença de advogado a Sui Muqing, que esteve também envolvido em casos de direitos humanos, e foi acusado de violar a lei quando tentou tirar uma foto do seu cliente ativista Chen Yunfei, condenado a quatro anos por prestar tributo a dois estudantes mortos durante o massacre de Tiananmen, em 1989.

Segundo CHRD , o advogado estava a tentar obter provas das torturas que o seu cliente denunciou estar a sofrer na prisão.

Desde a ascensão ao poder do Presidente chinês, Xi Jinping, em 2012, as autoridades prenderam dezenas de ativistas dos direitos humanos, acusados de subversão do poder do Estado ou perturbação da ordem social.

Sui foi uma das centenas de ativistas detidos ou interrogados, em julho de 2015, parte de uma campanha das autoridades contra advogados e ativistas dos direitos humanos.

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